Devaneios,  Games

Jogos são para nos enxergarmos ou fugirmos para o mundo da fantasia?

Foi-se o tempo em que nos video games, as coisas resumiam-se a naves espaciais, dragões, ETs e demais coisas que são intangíveis ou absurdas em nossa sociedade comum. 

Dos anos 90 para cá, os roteiros de games estão cada vez mais próximos do cinema, com personagens elaborados e seguindo arquétipos, enredos complexos e diálogos que levam o jogador a criar uma empatia ou hostilidade pelo personagem. No fim, a história vira realmente um filme, com a diferença da possibilidade de interatividade, seja numa narrativa linear ou não. 

Por isso fica a questão do que acaba conquistando mais: a fantasia exagerada ou a proximidade com a nossa realidade? 

Lembro muito bem que desde que iniciei a jogar, quando o auge ainda era Super Mario, os personagens não tinham muito a ver com humanos, tampouco as histórias tinham enredos claros. 

Jogos de “lutinha” então, nem se fala. Não importava muito quem era filho de quem, quem era o espião, o vilão ou seja quem for. No meu pensamento, era só um momento de escolher vários personagens e jogar com os primos, além de passar raiva com quem sempre escolhia o Sub-Zero e ficava usando os raios congelantes. 

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Foto: Reprodução/Brixels

Então, como tudo ficou mais espelhado com a realidade? 

Na minha visão, foi quando a indústria começou a ver o consumidor com outros olhos e fazer dos games uma arte mais elaborada. Não são só crianças e adolescentes que jogam, mas também adultos, que procuram algo um pouco mais sofisticado para entrar de vez nesse tipo de diversão. 

A neurociência já explica que é comum querermos uma imersão maior e nos identificarmos com o que vemos na tv. Aí também entra a questão da representatividade, mas é outro assunto mais específico. 

Portanto, querendo ou não, é normal sempre procurarmos frases inspiradoras, diálogos épicos e personagens mais humanos em tudo o que consumimos, para podermos ter uma proximidade maior com eles e também ter empatia ou antipatia pelo mesmo.
Obviamente, muitos personagens entregam exageros e entram na categoria de “farsescos”, que são aqueles que fazem tudo numa escala máxima. Um ótimo exemplo é o Trevor, de GTA V. Eu espero realmente que não haja um ser humano daquele jeito.

Podemos ser divididos em dois grupos: aqueles que preferem fugir da realidade, buscando algo mais fantasioso (afinal, se quiser ver realidade, é só se olhar no espelho e chorar) e o outro, é aquele que procura nos personagens mais realistas uma inspiração para lidar com seus defeitos, aprimorar suas qualidades e se identificar, como uma espécie de “alter ego”, principalmente em jogos de mundo aberto onde controlamos como o personagem irá se desenvolver no caráter do início até o final. 

Eu, particularmente, sempre prefiro ver a vida como ela é (abraços, Nelson Rodrigues). Gosto de personagens que representam na maior parte das vezes um humano em sua essência, mesmo que ele não seja um, como por exemplo, Geralt De Rívia, que se desenvolve ao longo da história como tal. Além disso, temos a opção de controlar o comportamento dele, fazendo a brincadeira do alter ego que mencionei anteriormente.

Sim, é por isso que amo tanto “O mágico de OZ”. Todos têm aquela essência humana, que nos faz pensar, refletir e ao mesmo tempo despertar aquele lado infantil e mágico que muitas vezes está escondido. 

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Cena de “O mágico de OZ”. Foto: Reprodução

A desmistificação é algo que entra muito nessa questão. Homens estão cada vez mais sendo representados como pessoas que também choram, se emocionam, mulheres são mais duronas e heroínas, não sendo necessário nenhum herói para salvá-las. 

Além de humanizarem as coisas, também estão encorajando alguns comportamentos, como os citados acima. Afinal, se o Arthur Morgan se emociona, está liberado para todos os homens se emocionarem também, sem reservas e sem vergonha alguma.

Personagens rasos nunca dão boas histórias. Um belo exemplo são os personagens de The Quarry, que não mudam absolutamente nada durante o jogo (exceto o Dylan e a Kaitlyn, eles são bem legais). Bem ou mal, eles também representam uma espécie de humanos, que são os adolescentes, veja só! 

Ou seja: não dá para fugir da humanização. Se até marcas estão assumindo uma postura mais humana, sendo necessário até fazer personagens virtuais, quem somos nós para querer fugir da realidade e ficar no eterno mundo da fantasia? Para isso, existe a Disney e suas princesas.

Em tempo: princesas antigas. As atuais já saíram desse estereótipo “princesa” faz muito tempo, graças aos deuses. 


Falei mais um pouco sobre personagens aqui. ✿