beyond-two-souls-analinsando-ps4
Games,  Resenha

Beyond Two Souls


Hoje a resenha será um pouco diferente do habitual. Irei resenhar sobre o jogo Beyond Two Souls, disponível para Playstation e PC. O mesmo foi desenvolvido pela QuanticDream, a mesma empresa de jogos como Heavy Rain. 

A resenha não será no estilo Jovem Nerd ou qualquer outro site de games, falando de gráficos, jogabilidade e afins (embora o gráfico e a jogabilidade sejam incríveis).  Será falando do lado mais humano e reflexivo do jogo, como se fosse um filme. 


Que diabos é o jogo Beyond Two Souls?


O jogo é focado na personagem Jodie Holmes, que vive com uma entidade sobrenatural por 15 anos de sua vida, chamada Aiden. O objetivo do jogo é descobrir o que é essa entidade e o que ela pretende, sendo parte do corpo de Jodie. 

Embarcamos numa viagem surreal, onde Jodie passa por inúmeras experiências que serão fundamentais para suas escolhas no futuro. 

Falando em escolhas, o jogo é interativo, ou seja, em vários momentos o jogador é submetido a escolher alguma ação que irá impactar o futuro da história, o famoso ‘efeito borboleta”. 

Os atores convidados para “interpretar” os personagens são:

  • Ellen Page – Jodie Holmes, a personagem principal;
  • Willen Dafoe – Nathan Dawkins, o cientista que trabalha para descobrir os mistérios que cercam Jodie. Além disso, faz também o papel paterno da mesma;
  • Kadee, Hardison – Cole Freeman, cientista que trabalha com Nathan e ajuda no caso de Jodie. Também cumpre o papel de pai da moça;
  • Eric Winter – Ryan Clayton, um agente da CIA que está interessado em Jodie e suas habilidades para ajudar nas missões do governo.


Resenha (possíveis spoilers)


O principal questionamento de Beyond Two Souls é o que acontece após a morte. Durante a história lidamos com Jodie e Aiden, mas também temos um outro personagem para prestar atenção: os governos e suas maneiras de tentar descobrir tudo até o último fio de cabelo. 

Eles construíram um condensador onde separa o mundo dos vivos dos mortos. Todos sabemos que querer alterar o rumo natural das coisas só dá merda, né? Pois é o que acontece. 

Esse condensador abriga não só espíritos bons, como também os ruins. São estes que acabam desequilibrando os mundos, numa espécie de revolta. 

Beyond Two Souls também faz uma crítica ao governo, que quer agir conforme seus interesses e acaba maquiando tudo para os seus agentes. Assim, eles irão executar a missão, cientes de que estão fazendo um bem para a humanidade, sendo que muitas vezes não é assim. 


beyond-two-souls-analinsando-ps4
Foto: Reprodução/The Enemy


Há também um pequena mostra de que se você decide se desvincular do governo por motivo de discrepância de opiniões, eles não irão te deixar em paz, tratando-o como inimigo. 

Além de toda a questão de saber o que acontece do outro lado e desavenças com o governo, há uma última e não menos importante: a liberdade. 

Jodie passa pelo menos 10 anos de sua vida sendo uma cobaia, um instrumento de trabalho. Por mais que Nathan a acolha e assuma o papel paterno, ele ainda está unicamente interessado em estudar todo o fenômeno que a envolve, ficando assim obcecado em juntar o mundo dos vivos e dos mortos, para que ninguém precise sofrer perdas. 

Aiden também tem sua responsabilidade na (falta de) liberdade da protagonista. Como dividem um só corpo, fica óbvio que a autonomia de Jodie é questionável. Ou seja, ela não consegue ter um relacionamento, tomar decisões sozinha, enfim, ser um ser humano individual, pois sempre terá que pensar por dois, ou muitas vezes, ter alguém tomando decisões por ela. 

beyond-two-souls-analinsando-ps4
Foto: Reprodução/Hardcore Gamer


Porém, em Beyond Two Souls nem tudo são pedras para Jodie. 

Há duas experiências muito legais e que ela começa a dar mais valor a vida e vê tudo de uma forma diferente. 

Ao ter tais vivências, ela descobre que pode ser vista como uma moça comum, com uma vida comum.  O que mais tocou Jodie foi quando essas pessoas nunca perguntaram sobre o passado dela, tampouco queriam usufruir de suas habilidades. A amaram pelo que ela era, pura e simplesmente. O jogo nos mostra que são essas pessoas que devemos preservar na vida. 


Zerando o jogo


A grande questão que o jogo aborda é essa: Não temos que tentar descobrir o que acontece ou não do lado de lá. Devemos deixar os finados em paz. 

Há uma passagem muito marcante onde duas personagens imploram para que o familiar as deixe descansar. Ele ficou querendo fazer de tudo para ter a presença das duas, e uma delas falou: “você está nos despedaçando nos dois mundos”. 

Como tudo nessa vida são referências, você pode encontrar duas na série Black Mirror: no episódio “Be right back” (Volto Já), onde a protagonista não se conforma que o seu parceiro se foi e quer se conectar com ele de uma forma tecnológica, como se ele literalmente estivesse aqui e “Black Museum”, contando que um pai de família fica inconformado que sua esposa morre e não irá acompanhar o crescimento do filho, até que arrumam formas dela estar sempre presente, porém, isso acaba afetando o dia a dia do rapaz, tomando sua liberdade e frustrando o espírito da mulher.

Basicamente é um dizer, em forma de filme, jogo ou série: a vida continua. ✿

Mais resenhas aqui.