Games,  Resenha

Minha lista de side quests preferidas em jogos

Muito se fala na história principal de um jogo e acabam deixando as missões secundárias ou as famosas “side quests” de lado. 

Essas histórias secundárias são aquelas que, presentes geralmente em jogos de mundo aberto, não irão interferir na narrativa principal. Ou seja, o jogador tem a opção de concluí-las ou não.

Temos inúmeros exemplos de side quests, porém, não são todas que sabem complementar a narrativa principal ou formar sua própria história independente com êxito, que prenda o usuário. 

É interessante encontrar essas side quests especialmente pelo fato de que você pode conseguir aumentar o level, encontrar colecionáveis-chave e se divertir horas além daquelas que o jogo conta como oficial para zerá-lo.

Para quem escreve e desenvolve games, acho bacana colocar side quests para gerar um nível de engajamento dos jogadores. Assim, todos ficam cada vez mais curiosos para destrinchar o mapa e dar aquele diferencial para o jogo se tornar interessante. 

Portanto, listo abaixo algumas side quests e jogos que eu particularmente acho mais interessantes do que muitas missões principais. 

Red Dead Redemption II

Começando pelo meu jogo favorito da vida, Red Dead Redemption II tem uma gama maravilhosa de side quests/missões secundárias extremamente divertidas. 

Uma delas é extremamente difícil de ser concluída com a parte mais curiosa, que é o caso da moça da janela, no Emerald Ranch. 

Você pode ouvir a história dessa moça e do pai dela quando dá carona para uma mulher no meio da estrada. Depois, ao fazer a missão “The Spines of America”, há uma opção de diálogo onde o Hosea comenta sobre a mesma coisa.
Trata-se de uma menina que aparentemente é filha do dono do Emerald Ranch. Ela estava namorando um rapaz e seu pai não aprovava. A princípio, interpreta-se que o homem matou o genro e trancou a filha no quarto, impedindo-a de sair de casa e ter contato com outras pessoas.
Fica subentendido o que aconteceu ao visitar o saloon abandonado no rancho. Há marcas de tiros na parede e do lado de fora, um túmulo com o nome do namorado. A ironia é que na lápide está escrito “morte acidental”, sendo que há pelo menos 6 marcas de tiro na parede. Além disso, ele está enterrado de forma isolada, longe do cemitério comunitário do rancho.
Dependendo da hora que você passar, através do binóculo na direção das janelas da casa, dá para ver a moça parada, observando o movimento dos passantes. 

Outra bacana é dos alienígenas, quando você encontra uma espécie de cabana onde havia um culto, aparentando que todos se suicidaram. Seguindo as instruções do sermão, dá para ver a nave espacial pelo teto. 

A cabana do meteoro também é chocante, pois o jornal descreve como uma belíssima chuva de meteoros, contrastando com a visão que temos: um buraco gigantesco na floresta e uma casa em fumegante, onde os ocupantes foram carbonizados por conta de um pedaço de meteoro que caiu ali. Nesse local, é possível pegar um meteorito para sua coleção.
Além dessas, há ainda uma que percorre os jogos da Rockstar Games, que é o culto Épsilon. Em Red Dead Redemption II, você pode fazer a missão secundária “Geologia para amadores” e conversar com Francis Sinclair, um homem excêntrico que pede para Arthur (ou John, dependendo de quando você fizer), enviar as coordenadas de rochas talhadas com desenhos esquisitos. Quando retornamos com a missão completa, percebemos que o senhor Sinclair não é bem aquilo que pensamos.
No GTA V, é possível fazer missões do culto Épsilon com o Michael. Se você reparar no site da seita, tem um desenho de uma pessoa com uma mancha no rosto, idêntica a de Francis. Dizem que quem tem essa mancha, é descendente de uma divindade importante para os cultuadores. Seria o senhor Sinclair essa divindade?

Porém, a que mais me dá aquela “gelada” é da suposta cabana do Strange Man, uma figura que aparece no primeiro jogo, falando de acontecimentos como o assalto fracassado em Blackwater. Ela está localizada no pântano, e dependendo do seu número de vistas, a imagem na tela de pintura vai se formando, até ser possível vê-la através do espelho. 

É bacana desvendar essas histórias pelo mundo para rechear as anotações no diário do Arthur, ajudar a aumentar a porcentagem do progresso e em algumas delas, poder interagir com o John no epílogo, como se fosse uma “herança” do Arthur. 

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Essa é mais uma das side quests, em especial que o Arthur se mostra um amorzinho. Foto: Reprodução/TheNexUs


Ghost of Tsushima

Gosto das side quests de Ghost Of Tsushima porque muitas delas mostram um retrato de guerra de sobrevivência: pessoas mentindo, seja por necessidade ou malandragem, famílias com problemas com saqueadores inimigos, traições, desonra, dilemas morais, etc. 

Elas são importantes para que o Jim suba o nível de experiência e consiga ficar mais perto de aprender as posturas presentes no jogo, facilitando as lutas e tornando os golpes ainda mais mortais, além de aumentar sua lenda, tornando-o o mais respeitado samurai de Tsushima. 

As side quests de libertação de territórios que foram conquistados pelos mongóis são repetitivas, deixando o jogo até meio morno nesses momentos. Porém, uma coisa bem bacana de fazê-las é conseguir artefatos mongóis, que contam um pouco sobre a cultura desse povo, além de achar alguns pergaminhos contendo conversas com o Khan, que tratam de uma maneira ficcional a respeito da relação entre Khotun Kan, personagem fictício e Kublai Khan, primo deste, que por sinal, existiu de verdade. Ambos na história são retratados como netos de Genghis Khan. 

Lembrando que uma grande parte dessas missões secundárias só irão aparecer na sua lista ‘”to do” se você abrir mão das viagens rápidas e reservar algum tempo para andar pelos vilarejos e templos. Lá, estarão as pessoas que irão dar uma pista de coisas que estão acontecendo e o Jim irá meter o nariz.

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A side quest com as raposinhas é cuti cuti, ao mesmo tempo que revolta. Foto: Reprodução/Fórum Nerd


The Witcher 3

Um dos jogos que gosto mais das side quests do que das missões principais é The Witcher 3! Elas geralmente aparecem na forma de “contratos” nos murais das cidades onde o Geraldão passa. É legal pegar esses trabalhos inclusive quando você estiver meio liso de grana, afinal, ele é o trabalho dele lidar com essas bizarrices.

“Coração Selvagem” é uma daquelas que conta com um lobisomem e uma reviravolta trágica. Muitas vezes, é nessa missão que muitos topam com um lobisomem pela primeira vez. 

O Barão Sanguinário também nos traz missões secundárias com casos de família. Ao realizá-las, você consegue, além do apoio do Barão para saber do paradeiro da Ciri, saber o que é um “fetulho” (a história é extremamente pesada) e as “senhoras da floresta” (ou “Moiras”).  Dependendo das suas escolhas nessa missão, o fim pode ser relativamente feliz ou trágico. 

Outros contratos interessantes são os que envolvem fantasmas, geralmente espíritos perturbados com histórias de dar pena, mas que você fica com muita raiva na hora do combate com os mesmos. Meu destaque vai para a “Jenny do bosque” e para o farol assombrado. 

Assim como em Ghost Of Tsushima, essas missões servem para aumentar o nível e poder buscar outras mais difíceis, permitindo que o usuário se desafie a fazer todas até chegar no nível máximo de experiência. 

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Não se engane por essa carinha fofa. Foto: Reprodução/The Enemy


Disco Elysium

Considero Disco Elysium um jogo que é composto basicamente por missões secundárias com MUITOS textos. 

Tudo é basicamente um “1984” do George Orwell misturado com “A Metamorfose” de Franz Kafka, fazendo você até se perder um pouco com tanta informação. 

O jogador precisa resolver um caso de assassinato e aos mesmo tempo descobrir a indentidade do policial protagonista, que de um dia para o outro, perdeu a memória e acordou não sabendo quem é ou para onde vai.
No mapa, há diversas pessoas com quem você precisa conversar e/ou prestar alguns favores para descobrir o que realmente aconteceu.
Desde falar com crianças viciadas em drogas até descobrir a verdadeira identidade de uma líder revolucionária disfarçada de inocente florista irão deixar o jogador com mais vontade de desvendar cada pedacinho do mapa da cidade de Revachol.
Um detalhe importante: nessas pequenas missões, você consegue pontos de habilidade em diversos segmentos, que serão cruciais para seu sucesso ao desvendar o crime. 

Adianto que é um jogo incrível, mas que requer MUITA paciência.

O piá que fala dele mesmo em terceira pessoa. Foto: Reprodução/Turtle Beach Blog


Days Gone

Days Gone entra aqui única e exclusivamente pelas missões secundárias que envolvem desvendar os campos de controle da NERO, a agência de inteligência que ficou responsável por cuidar dos cidadãos no caos da pandemia de um vírus que transforma seres humanos e alguns animais nos “Freakers”, uma espécie de primos dos zumbis de The Last Of Us, só que bem mais malditos e irritantes. 

Fica aqui a crítica: um jogo desse tamanho com apenas um conjunto de side quest que traz uma história intrigante (inclusive, conseguimos relacionar alguns relatos da NERO com situações da nossa pandemia da Covid-19) é quase vergonhoso não ter outras historinhas bacanas para descobrir no meio do jogo. Mas ok, é um jogo interessante até.

Caso você procure diversão, sugiro fazer as missões secundárias de queimar hordas e ninhos. São divertidas, se você estiver bem municiado. 

Local bom também para achar os injetores, podendo receber mais energia, vida ou foco. Foto: Reprodução/Daily Star


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Quer ver um vídeo divertido sobre side quests? O Matando Robôs Gigantes fez um bem legal.